30 julho, 2010

Lei da Palmada, Isolamento social e Obama



Antes de mais nada, um esclarecimento: no texto de hoje não há nenhuma relação entre os três itens do título, ok? É só porque me deu vontade de falar destes assuntos esta semana. ;o)

Isto posto, vamos lá...


Um tapinha não dói?

Um dos debates que vem rolando nas últimas semanas é sobre o projeto de lei que proíbe castigos físicos em crianças, conhecido como Lei da Palmada. Muita gente acha que o Estado não deve meter a colher na vida alheia, que os pais é que devem saber o que fazer. Já para uma outra parcela da população a futura lei está certíssima e não se deve mesmo encostar a mão numa criança. Por fim, há aqueles que acham que só um tapinha não dói.

Bom...eu apanhei quando criança. E...de cinto, se vocês querem saber. Quando meu pai ficava fulo da vida com a gente, ele tirava o cinto e...Nossa Senhora!...já sabíamos que daquela vez não iamos escapar. Mas isso é quando ele ficava muito, muito fulo e a gente tinha aprontado uma daquelas, de tirar qualquer um do sério. Ou seja, era uma surra, na maior parte das vezes, merecida (se é que se pode dizer isso). Em geral ele é quem ficava responsável pelo...”trabalho sujo”, vamos dizer assim (rss)... de nos punir deste jeito, pois a minha mãe brigava conosco (comigo e com meu irmão) só de boca e quando meu pai chegava ao ponto de nos bater de cinto ela procurava intervir.

Mas este preâmbulo todo é para dizer o seguinte: nem eu nem meu irmão precisamos fazer anos de terapia ou descontar nos outros uma possível raiva reprimida por causa das surras que levamos. Até porque nenhuma delas nos deixou qualquer marca física séria – já que o objetivo da surra era apenas nos dar limites e não passar dos limites. E o que é mais importante: elas não diminuíram em nada o amor que tínhamos por nosso pai. Porque isso, sim, seria um trauma pro resto da vida.

Comenta-se que os pais de hoje não dão mais limites aos filhos, criando uma geração do que se convencionou chamar de “os sem noção”. Tudo bem que dar limites não significa castigar fisicamente a criança – e longe de mim fazer apologia às surras e castigos físicos -  mas me pergunto: até que ponto se consegue impor limites aos filhos sem recorrer a uma eventual palmada ou puxão de orelha? Difícil saber a medida exata.


Cada vez mais isolados

Esta semana foi divulgada uma pesquisa realizada por uma universidade americana,  (que está na seção NOTÍCIAS INTERESSANTES desta semana aqui no blog ) na qual ficou constatado que o isolamento social está matando mais gente do que o fumo, a obesidade ou o sedentarismo.

Bom...não é tão difícil entender isso. Só o que se vê por aí são pessoas correndo pra lá e pra cá, sem tempo para mais nada a não ser trabalhar, pagar as contas e correr atrás das falsas metas de felicidade que a sociedade impõe, que incluem desde ter um carro até seguir os modelos de sucesso pessoal que a mídia se encarrega de popularizar, como Big Brother e outras porcarias.

Não é de surpreender que a cabeça das pessoas acabe dando um nó, levando os consultórios médicos a registrar inúmeros casos de depressão. Por isso a dificuldade das pessoas em perceber o que, de fato, é importante na vida. Como incrementar o contato social,  ter mais tempo para se dedicar à família e aos amigos, ter outros interesses na vida além do trabalho...ou da família e sair do pequeno círculo de coisas e pessoas conhecidas.

À proporção que tempo passa, as pessoas vão se habituando a não sair deste círculo. Por isso, queria citar aqui uma exceção que eu conheço. Um primo querido, o Ezequiel, que tem mais de 60 anos e acaba de voltar da Espanha, onde foi realizar um antigo sonho: percorrer o Caminho de Santiago de Compostela, 800 km que devem ser percorridos a pé. Trata-se de uma peregrinação.

Embora lá pelo meio do caminho ele tenha feito algumas concessões – a certa altura resolveu pegar um ônibus (rss) - seu esforço foi enorme e ele não se intimidou diante das dificuldades que iam aparecendo.

Tudo bem que não é qualquer um que vai ter esta vontade ou disposição para realizar uma empreitada deste porte - ou até condições financeiras se você for pensar no custo da passagem para a Espanha (no resto da caminhada os custos são irrisórios). Mas o que me chamou a atenção na peregrinação do Ezequiel é que, ao contrário de boa parte das pessoas que já pendurou as chuteiras nesta idade - e prefere ficar em casa vendo tevê ou limita o seu lazer a uma praia ou a um jantar no final de semana - ele se recusou a cair no marasmo. Além de ter se preparado para enfrentar a longa jornada, teve fôlego para ir registrando, passo a passo, toda a aventura, em um blog, mostrando que também é antenado com o seu tempo e sabe como funcionam estas coisas digitais. Os curiosos podem ver as suas dicas de viagem no Vô Caminhando.  



Obama tem crédito comigo

Obama, “o” cara, anda com a popularidade em baixa. Tomou algumas decisões talvez “bushnianas” em relação à presença dos EUA em outros países (Cuba, Afeganistão) e está tendo dificuldades para superar a crise econômica pela qual o país atravessa - como, aliás, qualquer um em seu lugar teria.

Mas ele continua tendo crédito comigo. Afinal de contas, conseguir aprovar duas reformas super importantes, a do sistema financeiro e o de saúde, não é pouca coisa e só isso já faria com que eu o reelegesse.

Eu olho para o Obama e não consigo ver mentira entre aquelas orelhas de abano. Me parece que ele realmente acredita no que está dizendo e procura fazer o que diz. Mas é óbvio que, como presidente de um país, deve fazer mil e uma concessões diariamente. Ou faz isso ou não consegue governar.

O segredo está em não deixar que estas concessões afetem o “conjunto da obra”, pois é neste equilíbrio, penso eu, que reside o sucesso de um grande estadista. E, por enxergar em Obama este potencial, torço muito para que “o” cara consiga chegar lá. Até porque, por mais que os EUA estejam meio em baixa nos últimos tempos, não podemos esquecer que um simples espirro de um americano, por mais fraco que seja, provoca uma baita gripe no resto do mundo. ;o)


SUGESTÃO DE PASSEIOS

Para quem tá passando por aqui pela primeira vez, deixe-me esclarecer este item: é que o blog quer voltar a organizar passeios por lugares pouco conhecidos do Rio.

Enquanto estou recolhendo sugestões dos leitores, aí vão, por enquanto, algumas das minhas sugestões:


Comunidades com UPP:

Plano inclinado no Dona Marta
- Dona Marta (Botafogo). Uma das atrações é o Plano Inclinado.

- Cantagalo (Ipanema). O elevador panorâmico, recém-inaugurado, tem atraído turistas.

- Babilônia (Leme). A trilha até o alto do morro é um dos programas
Alto do Morro da Babilônia


 Tem uma outra comunidade, a da Tavares Bastos, no Catete, (o BOPE fica lá) e há um Cama & Café, The Maze, com uma vista incrível.
 

 Outros passeios:
- Paquetá
- Trilha da Cova da Onça, na Floresta da Tijuca
- Cadeg

Outras sugestões, envie para vilma@informacaodeprimeira.com.br

 
 

8 comentários:

  1. Palmadas nunca mais.

    ...um dia os humanos serão tão solitários que não mais dormiram para ficar na internet....(JMendes)

    Yes we can? WHEN?????

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  2. As palmadas (e tapas) da vida doem muito mais...
    Nem é preciso ir à Santiago de Compostela...Vá aonde quiser e, simplesmente, viva...

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  3. A questão da palmada é pra interferir na educação (falta) da população de baixa renda, que, não castiga fisicamente apenas qnd realmente há uma necessidade, e sim agride, humilha, e aterroriza os filhos por não saberem outro jeito de educar, e terminam passando pros filhos aquilo que eles aprenderam que é educar. Na verdade, mts dessas pessoas, não têm paciência pq não queriam os filhos, ou acham que filho é apenas pra ajudar nos afazeres domésticos ou complementar a renda. Controle de natalidade já!!!

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  4. Discordo de Moema. Não é só para a população de baixa renda não. Porque a violência doméstica existente em qualquer família, mesmo porque a ignorância não tem camada social ou renda. A diferença está no que aparece e não parece nas notícias. Você já viu alguém de "boa renda", da "sociedade" que é ignorante e que fez tão pior quanto o outro irmão de baixa renda na mídia?
    Então, ainda acha que essa lei só foi feita para os pobres? Me desculpe, mas isso já é ignorância e preconceito.
    E tem mais, tem pobre que educa melhor os seus filhos do que um rico.

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  5. Ja virou moda nos comentarios de qquer coisa na net o preconceito e o racismo exacerbado aparecer mas felizmente nao e todo mundo e esses comentarios sao sempre feitos por pessoas ignorantes pois alguem com um minimo de esclarecimento nao escreve bobagens !!!!!!!!!
    Sera que essa moema existe mesmo?

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  6. Putz!!!
    prefiro ir pelo "nem 8, nem 80" tenho uma filha de 13 anos e, sinceramente, tem horas que eu queria encontrar um botão para poder desligar esta linda e maravilhosa criaturinha que EU coloquei no mundo.
    Também, fui educada de uma forma severa, tipo o "80". Não acho que tenha me ajudado, mas também não preciso de terapias por causa disto. Apenas não repito com minha filha o que aconteceu comigo.
    Percebi que, ouvir e falar, ainda é muito útil, mas quando não consigo estabelecer o ponto final, mostro o chinelo e ela foge como odiabo da cruz.Na minha opinião, o que mais funciona é tirar o que eles adoram até que eles mereçam novamente, é claro que vc precisa estar preparado para um escândalo, é necessário manter-se calmo e continuar dizendo NÃO.Comigo isto funciona, mas cada caso é um caso.
    bjs

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  7. Sou muito a favor da lei da palmada, ou melhor, lei contra a palmada e falo de carteirinha porque essa foi a minha prática com o meu filho.
    Não digo que nunca dei uma palmada nele, dei sim, uma única, porque perdi totalmente a razão e o discernimento e essa única palmada doeu tanto em mim que me prometi nunca mais fazer isso.

    Pensava assim: se tenho uma diferença ou questão a resolver com um adulto, não saio dando palmadas ou batendo, vou conversando e tentando chegar em algum ponto. Porque com uma criança, que não tem como se defender, já vou dando palmadas?

    Conversei muito com ele, acho até que isso de ficar conversando é meio chato pra uma criança mas foi a opção que fiz e não me arrependo, vendo o adulto que ele se tornou.

    Os que dizem que esse é assunto privado, até acho que tem razao, o estado se mete em tudo, mas afinal, as relacoes tem que ser mediadas por um terceiro para o bem de todos, ate que isso nao seja mais necessario. E será que um dia nao vai ser? duvido.

    Bjs

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  8. AMIGA E BLOGUEIRA,
    FICO MUITO FELIZ E HONRADO EM ESTAR POSTANDO UM COMENTÁRIO EM MATERIAL DE TANTA QUALIDADE E COM UMA FORMA TÃO INTERESSANTE DE ESCRITA, BEM CUIDADA, CHEIA DE FORMAS SIMPLES E MUITO COMPLETAS DE INFORMAÇÕES, QUE ALÉM DE SEREM DIVERTIDAS EM ALGUNS MOMENTOS, EM OUTROS, PROVOCAM PROFUNDA REFLEXÃO AO LEITOR.
    PARABÉNS E CONTINUE SEMPRE ASSIM.
    UM GRANDE ABRAÇO

    FÁBIO LUÍS STOER

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