06 agosto, 2010

Privacidade: uma palavra fora de moda


A criatura entra no ônibus já falando no celular. E passa a viagem toda assim. Quando finalmente resolve desligar a porcaria do telefone, o aparelho volta a tocar e...começa tudo de novo! Mais um capítulo da novela de sua vida que os passageiros terão de acompanhar. Involuntariamente.

Me pergunto, afinal de contas, que diabos é isso? Carência? Ansiedade? Porque não venham me dizer que ligar para uma amiga pra perguntar “E aí, como foi?” ou contar pra alguém o que aconteceu durante o seu dia é tão urgente que a pessoa não pode esperar chegar em casa para ligar e contar.

O xis da questão é que ninguém é obrigado a compartilhar detalhes - às vezes íntimos - da vida dos outros, ainda mais em locais públicos – principalmente nos transportes públicos. É um verdadeiro frisson de conectividade. (acho que se, por algum motivo, estas criaturas ficassem sem celular teriam de passar todas a freqüentar alguma espécie de CA / Conectados Anônimos para controlar suas crises de abstinência)

Outro exemplo que mostra como privacidade é coisa do passado são os reality shows. Fico realmente impressionada como as pessoas abrem suas vidas sem a menor cerimônia para as câmeras.. Os analistas, psiquiatras, psicólogos, terapeutas devem estar preocupadíssimos porque hoje a cidadão vai pra frente da câmera e, na maior, mostra o o quão baixa é a sua auto-estima ou como é péssimo o seu relacionamento em família . Ou até mesmo o quanto pode ser falso para conseguir o que quer.

Isso tudo por quê? Porque é melhor ser um problemático (ou polêmico) famoso do que um zé ninguém resolvido. O que mostra que a era em que todo mundo seria famoso por 5 minutos, conforme previu Andy Wharol, chegou. Qualquer ator da Globo ou jogador de futebol taí para provar o que eu digo. O fato de saírem para jantar num restaurante caro ou mudarem o corte de cabelo pode render manchete na primeira página em todos os jornais, porque hoje o negócio é falar sobre pessoas e não mais sobre ideias.

Uma pena.

P.S: um manualzinho de etiqueta para o uso do celular (envie para quem você acha que precisa. rsss)


3 comentários:

  1. É Vilma às vezes eu tenho "vergonha alheia" de ficar sabendo de detalhes da vida de pessoas que eu nunca vi - nem nunca mais vou ver, felizmente - só porque estamos no mesmo vagão do metrô. Tristes tempos onde 15 minutos de fama valem até no transporte coletivo...
    Bjs!

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  2. Ufa, bom saber que não estou ficando velha e rabugenta... Há outras pessoas incomodadas com este excessivo apelo pela fama!!!! Fico impressionada quando vejo pessoas discutindo até mesmo as relações familiares dentro do ônibus, metrô, fila do cinema... Por que esta necessidade? Que mundo é esse? Me parece que um pouquinho mais de educação já resolveria grande parte do problema...

    Abraço
    Mariangela

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  3. ADORO SER FILMADA , FOTOGRAFADA , INVADIDA SÓ ASSIM ME SINTO SEGURA NESTA CIDADE.
    PODEM ME FILMAR À VONTADE NASCI PAA SER VIGIADA...
    NASCI NA ERA DO BBB !!!
    ADORO BIAL

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