O lixo nosso de cada dia (links)

O que se pode fazer para diminuir a quantidade de lixo que produzimos então?

A Cláudia Valadares é uma dessas pessoas que partiu pra ação. Resolveu fazer a sua parte pelo planeta. Numa entrevista ao Informação de Primeira, ela fala sobre o sistema de compostagem que está usando, e que reduziu drasticamente a quantidade de lixo produzida em sua casa.

O que é compostagem, exatamente?

CLÁUDIA: Compostagem é um método controlado que acelera a decomposição de materiais orgânicos com a finalidade de se obter terra fertilizada, húmus e também adubo liquido.

O que lhe deu a ideia de começar a fazer compostagem ?

CLÁUDIA: Tenho consciência da forte conexão que existe entre a minha natureza interna e a externa, o meio ambiente. Todo o processo da vida se dá através de uma permanente reciclagem. A compostagem me possibilita reproduzir na minha casa uma parcela deste ciclo que acontece, o tempo todo, na natureza.

Quais são as vantagens deste método?

CLÁUDIA: Muitas. A maior delas é a redução drástica da produção de lixo. Segundo o IBGE (2000), em um grande município como Rio de Janeiro, 60% do lixo produzido é orgânico. Na minha casa, onde moram 4 pessoas que fazem todas as refeições no lar, produzíamos quase uma tonelada e meia de lixo por ano. Hoje, este volume se reduziu a, no máximo, 126 kg por ano. É uma diferença muito significativa. Se todos nós fizéssemos o mesmo, o problema com os lixões como o Aterro Sanitário de Gramacho estariam resolvidos.

Mas as vantagens não param por aí. Com a compostagem passei a obter um maravilhoso fertilizante líquido e terra adubada de alta qualidade. Consequentemente, deixei de comprar fertilizantes químicos para plantas, que prejudicam o meio ambiente na sua fabricação e utilização. Animada com os resultados, passei a cultivar algumas hortaliças em casa, como: tomate, almeirão, salsa, cebolinha, brócolis, batata doce, mostarda, curcuma, etc.

O que é necessário para fazer a compostagem?

CLÁUDIA: É necessário adquirir, no mínimo, 3 caixas empilháveis para montar a composteira. Uma vantagem é que o método serve tanto para casas como apartamentos, pois como o sistema é fechado, não emite cheiro e nem atrai vetores. Entretanto, é fundamental que na composteira não seja depositado carne de qualquer espécie. O tamanho das caixas vai depender do número de residentes e do espaço disponível na moradia. Somando-se a isto, também é necessário ter a disposição de quebrar o velho hábito de não nos responsabilizarmos pelas nossas ações no mundo, neste caso, pelo lixo que produzimos.

Quanto tempo você leva pra fazer a compostagem?

CLÁUDIA: Varia. Se quiser agilizar o processo, pode-se cortar em pedaços os materiais orgânicos que tenham maior volume. Assim, obteremos terra fertilizada em mais ou menos 3 meses. No caso do fertilizante liquido, obtemos a partir da 2a. semana.(Foto à direita: retirada do adubo liquido da composteira)

Que outras medidas você adota em termos de sustentabilidade dentro de casa?

CLÁUDIA: Temos um sistema solar de aquecimento de água, carregador de Ipods e celulares que funciona com a energia solar, filtros de linha que - ao serem desligados - interrompe a corrente elétrica dos aparelhos eletrônicos evitando desperdícios de energia com standby, reciclagem do lixo seco, lâmpadas fluorescentes amarelas (as brancas afetam a saúde) e, conforme já mencionei, produção caseira de alguns alimentos. Estamos estudando um sistema para captar água da chuva e a construção de um forno solar.

A Cláudia trabalha com Feng Shui e Geobiologia

Acesse o seu site em www.claudiavaladares.com

Lixo intelectual

Que bom que há um jeito de diminuir ou reciclar o lixo orgânico e industrial. Mas...e o lixo intelectual? Porque se o lixo orgânico e industrial cresceu três vezes, o intelectual deve ter aumentado umas duzentas vezes.

Por exemplo: esta semana me deparei com a seguinte manchete:

“Ex-padrasto de Jesus Luz promete lançar biografia contando história do namorado de Madonna”

Daí pensei que, assim como qualquer outra indústria, a mídia também se utiliza da Obsolescência Planejada. Neste caso, aplicada a pessoas e acontecimentos que possam render os tais 15 minutos de fama do qual falava Andy Wahrol. Ou seja, que possam render assunto para o jornal.

O problema é que estas “notícias” não se transformam em lixo apenas quando seus protagonistas deixam de ser “importantes” para a mídia. Elas já nascem lixo. E a quantidade deste lixo é assustadora.

Querem outro exemplo? Entrou em cartaz uma exposição que foi amplamente divulgada em todos os cadernos culturais. O artista, por um acaso, foi meu contemporâneo de faculdade. A sua obra, realmente, é...qualquer coisa.

Antes de tudo, que fique claro que não tenho nada contra a arte conceitual e as experimentações artísticas. Muito pelo contrário; acho ótimo que se criem novas linguagens. Mas no caso em questão acho que o “artista” meio que perdeu a noção. Entre as suas obras encontra-se uma coelha transgênica, concebida com Proteína Fluorescente Verde e que, por isso emite luz verde; uma petúnia cultivada com genes do “artista” e fotos dele completamente nu, as quais estão espalhadas por vários lugares de N.York, onde vive o “pioneiro da bioarte”, como o definem os cadernos de cultura.

Na boa? Pra mim isso não passa de um tremendo culto ao ego disfarçado. E num mundo em que a egolatria reina absoluta, nada mais natural, portanto, que este lixo intelectual (que envolve, inclusive, questões bioéticas) tenha lugar de destaque. Um dos leitores do Globo expressou muito bem o que eu sinto em relação à obra do bioartista: “Por que esse mané não faz arte com o traseiro dele? Deixa ele fluorescente e brilhante. Vai parecer um vagalume.”

Pois é. Não agüento mais tanta besteira travestida de coisa importante. Será que existe alguma forma de reciclar lixo intelectual? Cartas para a redação deste blog. ;o))

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