25 junho, 2010

Você se importa?



Nunca se falou tanto de como as pessoas estão ficando individualistas e olhando só par a o seu próprio umbigo.  Será? Talvez. Afinal, se todo mundo fala deve ter um fundo de verdade. Ou não?

O que eu sei é o seguinte: quem já fez o bem não porque era esperado que fizesse ou porque foi favor a um amigo ou conhecido, mas sim porque deu vontade de fazer, sabe que a felicidade que isso traz não tem preço.  Estou falando de um tipo de bem que pode mudar a vida de outra pessoa.

Hoje eu queria falar um pouco disso: o impacto em nossas vidas quando passamos a nos importar com desconhecidos ou com as coisas certas.


Seu Adolfo

O Seu Adolfo luta há 21 anos para combater a doença de seu filho, uma doença rara, degenerativa e sem cura.

Talvez vocês até já tenham visto casos parecidos e a reportagem que vou mostrar a seguir, do blog Via Legal, não seja nenhuma novidade. No entanto, lá pro meio do vídeo, surge um fato inesperado: pessoas que, a princípio, não poderiam colaborar com Seu Adolfo em hipótese nenhuma descobrem maneiras criativas de ajudá-lo. Simplesmente porque se importaram com a sua história. (como o vídeo, abaixo, é um pouco longo – 8 minutos – se preferir, leia o resto do post e veja o vídeo depois)




Cidades em Transição

Todo mundo se habituou a ouvir a palavra Sustentabilidade. Ela está em toda a parte, associada com qualquer assunto. Mas a verdade é que muito pouco está sendo feito para tirá-la do papel e transformá-la em algo que de fato faça parte do nosso dia a dia.

Será que não nos importamos com o que vai acontecer ao planeta ou nos importamos, mas não temos o “manual de instruções” de por onde começar?

O movimento CIDADES EM TRANSIÇÃO é formado por pessoas que se importam, de fato, com o que acontece por aí e vão além do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Trata-se de um movimento que existe em 15 países e soma mais de 8 mil iniciativas que visam tornar as cidades mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas. Diferente da abordagem fatalista que prevê quadros horríveis de fome, seca, migrações climáticas e morte, as CIDADES EM TRANSIÇÃO têm uma visão realista, mas positiva, do futuro, que se dá através de atitudes práticas e simples.

No Rio, já existem grupos em alguns bairros: Cosme Velho, Santa Teresa, Grajaú e também na cidade de Petrópolis.

Em julho, o grupo do Cosme Velho prevê um encontro chamado World Café, onde as pessoas se reúnem para, de forma interativa e lúdica, trocar ideias e projetos para melhorar a vida de seus bairros. Em agosto é a vez do curso de painéis solares para aqueles que moram em casa e querem saber como economizar na conta de luz.

Eu participei da primeira atividade deste grupo, que foi a Feira de Trocas, organizada há duas semanas pela colega Mariana Kapps. O evento foi um sucesso. Juro que não esperava ver tanta gente interessada numa feira como esta. Eu mesma consegui trocar 7 peças de roupas e praticamente refiz meu guarda-roupa sem tirar um tostão da carteira! Sem falar que você troca muito mais do que roupas e objetos: você conhece pessoas, conversa com elas, fica sabendo a estória do objeto trocado, etc, etc, etc.

Para ajudar na interação, ainda havia show e música, recreação para as crianças, mostra de como fazer compostagem para plantas, sorteio de serviços como almoços, cortes de cabelo e outras atrações.

Perguntei à Mariana o que a motivou a organizar esta feira: “A principal motivação foi a vontade de que os vizinhos (de bairro e de planeta) se conhecessem, que as pessoas passassem a se cumprimentar mais nas ruas, olhar nos olhos e para uma dia conseguirmos trocar serviços como por exemplo alimentar animais durante a viagem do dono, fotografar festa do filho,um projeto de arquitetura ou jardinagem etc.”

Apesar de não haver uma regra fixa para a troca, o resultado parece ter sido muito bom. “Há muitas pessoas querendo a próxima. Cerca de 150 pessoas estiveram presentes e o clima foi de muita harmonia e diversidade”, disse Mariana.

Veja algumas fotos do evento clicando acima

Abaixo, um dos depoimentos sobre o evento que ela me enviou e que achei bem interessante:

“Foi (a feira) muito significativa pra mim, pois levei minha filha (que não é sempre que topa um programa de mãe) e tive um retorno muito bom dela! Como era a primeira vez que ela ia a uma feira de trocas, pude perceber o impacto causado:Assim que chegamos, ela deu uma olhada em volta e...´Mãe, não tem ninguém com sacola plástica! Que coisa impressionante!!!!´

Tínhamos levado algumas poucas coisinhas para trocar, ela levou um sapato e uma roupa... saiu passeando pela feira, e encontrou uma moça grávida que tinha uma calça que ela gostou muito...mas a moça não queria o sapato, queria coisas para o bebê...Aí caiu a ficha pra minha filhota: não era o valor monetário que valia...Depois dessa, ela correu em casa, pegou mais algumas coisas, e saiu da feira feliz da vida com coisas que ela realmente tinha gostado, sem se preocupar em quanto custava cada uma delas...” (Inez Motta)

Tenho de dizer o seguinte, Inez: quem ficou com a tal calça que a tua filha gostou...fui eu (rssss). 



3 comentários:

  1. Bem, Utopia deu nome à um belo livro. Aldoux Huxley (com abordagem diferente, claro) escreveu Admiravel Mundo Novo...Todos nós, em algum momento, sonhamos com a "paz" possível e com um ambiente de pura tranquilidade e harmonia como parece transmitir a descrição dessa tal Feira de trocas.
    A atividade da Feira tem uma proposta particular nessa "ilha" de bem-estar e convivência. Então, dentro de um pequeno raio de ação, acho que ela pode fazer parte, ou melhor, ser um "elo" de uma corrente que pretenda atingir um objetivo bem maior...Essa corrente é naturalmente "utópica" mas pode e deve ser perseguida, porque, mesmo apenas por momentos, dias, varios dias ou o tempo que for necessário, ela pode fazer parte de um processo do Bem...Diz um velho ditado..."De boas intenções, o inferno está cheio"...mas talvez até mesmo no inferno, uma feirinha simpática como essa pode ser útil e "plantar" uma semente de transformação.

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  2. Você não sabe como foi bom pra mim assistir ao vídeo do "Seu" Adolfo.
    Bjs!

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  3. Vilma,

    O seu blog está uma delícia de se ler.
    Quanta informação legal.

    Amei o lance da feira tenho um montão de roupas que gostaria de trocar por outras coisas.
    Quem sabe não dá prá eu comparecer na pr´xima?

    Mais uma vez, parabéns, está tudo de primeira qualidade.

    Rose

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