Nunca se falou tanto de como as pessoas estão ficando individualistas e olhando só par a o seu próprio umbigo. Será? Talvez. Afinal, se todo mundo fala deve ter um fundo de verdade. Ou não?
O que eu sei é o seguinte: quem já fez o bem não porque era esperado que fizesse ou porque foi favor a um amigo ou conhecido, mas sim porque deu vontade de fazer, sabe que a felicidade que isso traz não tem preço. Estou falando de um tipo de bem que pode mudar a vida de outra pessoa.
Hoje eu queria falar um pouco disso: o impacto em nossas vidas quando passamos a nos importar com desconhecidos ou com as coisas certas.
Seu Adolfo
O Seu Adolfo luta há 21 anos para combater a doença de seu filho, uma doença rara, degenerativa e sem cura.
Talvez vocês até já tenham visto casos parecidos e a reportagem que vou mostrar a seguir, do blog Via Legal, não seja nenhuma novidade. No entanto, lá pro meio do vídeo, surge um fato inesperado: pessoas que, a princípio, não poderiam colaborar com Seu Adolfo em hipótese nenhuma descobrem maneiras criativas de ajudá-lo. Simplesmente porque se importaram com a sua história. (como o vídeo, abaixo, é um pouco longo – 8 minutos – se preferir, leia o resto do post e veja o vídeo depois)
Cidades em Transição
Todo mundo se habituou a ouvir a palavra Sustentabilidade. Ela está em toda a parte, associada com qualquer assunto. Mas a verdade é que muito pouco está sendo feito para tirá-la do papel e transformá-la em algo que de fato faça parte do nosso dia a dia.
Será que não nos importamos com o que vai acontecer ao planeta ou nos importamos, mas não temos o “manual de instruções” de por onde começar?
O movimento CIDADES EM TRANSIÇÃO é formado por pessoas que se importam, de fato, com o que acontece por aí e vão além do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Trata-se de um movimento que existe em 15 países e soma mais de 8 mil iniciativas que visam tornar as cidades mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas. Diferente da abordagem fatalista que prevê quadros horríveis de fome, seca, migrações climáticas e morte, as CIDADES EM TRANSIÇÃO têm uma visão realista, mas positiva, do futuro, que se dá através de atitudes práticas e simples.
No Rio, já existem grupos em alguns bairros: Cosme Velho, Santa Teresa, Grajaú e também na cidade de Petrópolis.
Em julho, o grupo do Cosme Velho prevê um encontro chamado World Café, onde as pessoas se reúnem para, de forma interativa e lúdica, trocar ideias e projetos para melhorar a vida de seus bairros. Em agosto é a vez do curso de painéis solares para aqueles que moram em casa e querem saber como economizar na conta de luz.
Eu participei da primeira atividade deste grupo, que foi a Feira de Trocas, organizada há duas semanas pela colega Mariana Kapps. O evento foi um sucesso. Juro que não esperava ver tanta gente interessada numa feira como esta. Eu mesma consegui trocar 7 peças de roupas e praticamente refiz meu guarda-roupa sem tirar um tostão da carteira! Sem falar que você troca muito mais do que roupas e objetos: você conhece pessoas, conversa com elas, fica sabendo a estória do objeto trocado, etc, etc, etc.
Para ajudar na interação, ainda havia show e música, recreação para as crianças, mostra de como fazer compostagem para plantas, sorteio de serviços como almoços, cortes de cabelo e outras atrações.
Perguntei à Mariana o que a motivou a organizar esta feira: “A principal motivação foi a vontade de que os vizinhos (de bairro e de planeta) se conhecessem, que as pessoas passassem a se cumprimentar mais nas ruas, olhar nos olhos e para uma dia conseguirmos trocar serviços como por exemplo alimentar animais durante a viagem do dono, fotografar festa do filho,um projeto de arquitetura ou jardinagem etc.”
Apesar de não haver uma regra fixa para a troca, o resultado parece ter sido muito bom. “Há muitas pessoas querendo a próxima. Cerca de 150 pessoas estiveram presentes e o clima foi de muita harmonia e diversidade”, disse Mariana.
Veja algumas fotos do evento clicando acima |
Abaixo, um dos depoimentos sobre o evento que ela me enviou e que achei bem interessante:
“Foi (a feira) muito significativa pra mim, pois levei minha filha (que não é sempre que topa um programa de mãe) e tive um retorno muito bom dela! Como era a primeira vez que ela ia a uma feira de trocas, pude perceber o impacto causado:Assim que chegamos, ela deu uma olhada em volta e...´Mãe, não tem ninguém com sacola plástica! Que coisa impressionante!!!!´
Tínhamos levado algumas poucas coisinhas para trocar, ela levou um sapato e uma roupa... saiu passeando pela feira, e encontrou uma moça grávida que tinha uma calça que ela gostou muito...mas a moça não queria o sapato, queria coisas para o bebê...Aí caiu a ficha pra minha filhota: não era o valor monetário que valia...Depois dessa, ela correu em casa, pegou mais algumas coisas, e saiu da feira feliz da vida com coisas que ela realmente tinha gostado, sem se preocupar em quanto custava cada uma delas...” (Inez Motta)
Tenho de dizer o seguinte, Inez: quem ficou com a tal calça que a tua filha gostou...fui eu (rssss).
Bem, Utopia deu nome à um belo livro. Aldoux Huxley (com abordagem diferente, claro) escreveu Admiravel Mundo Novo...Todos nós, em algum momento, sonhamos com a "paz" possível e com um ambiente de pura tranquilidade e harmonia como parece transmitir a descrição dessa tal Feira de trocas.
ResponderExcluirA atividade da Feira tem uma proposta particular nessa "ilha" de bem-estar e convivência. Então, dentro de um pequeno raio de ação, acho que ela pode fazer parte, ou melhor, ser um "elo" de uma corrente que pretenda atingir um objetivo bem maior...Essa corrente é naturalmente "utópica" mas pode e deve ser perseguida, porque, mesmo apenas por momentos, dias, varios dias ou o tempo que for necessário, ela pode fazer parte de um processo do Bem...Diz um velho ditado..."De boas intenções, o inferno está cheio"...mas talvez até mesmo no inferno, uma feirinha simpática como essa pode ser útil e "plantar" uma semente de transformação.
Você não sabe como foi bom pra mim assistir ao vídeo do "Seu" Adolfo.
ResponderExcluirBjs!
Vilma,
ResponderExcluirO seu blog está uma delícia de se ler.
Quanta informação legal.
Amei o lance da feira tenho um montão de roupas que gostaria de trocar por outras coisas.
Quem sabe não dá prá eu comparecer na pr´xima?
Mais uma vez, parabéns, está tudo de primeira qualidade.
Rose